OS LIVROS, OS TABLETS E AS
CÓPIAS
Josenildo Silva de Souza1
Admiro os livros desde o
primeiro momento em que os vi e folhei-los. Percebi, de imediato, o
que eles tinham a me oferecer em termos de conhecimento e sabedoria.
Me causava inveja vê-los sendo lidos e apreciados por leitores,
atentos, concentrados, disciplinados e críticos. Quisera, eu, poder
fazer o mesmo com tanta maestria e prazer.
Livros não foram feitos para
ficar nas estantes das bibliotecas, sejam elas particulares ou
públicas, ou até mesmo enfeitando a sala de estar! Muito menos ser
propriedade individual. Devem ser compartilhados! Neles estão ideias
desde as mais simples até aquelas elaboradas com maior rigor
científico, filosófico, religioso e literário.
Livros são como nossos pais,
irmãos, amigos, mestres que nos guiam por caminhos seguros por onde
pretendemos ir. São indispensáveis e de fundamental importância na
nossa vida, na nossa formação, seja ela acadêmica, profissional ou
pessoal. Tem livro pra todo o gosto! Inclusive os que atende as
fantasias sexuais de homens e mulheres.
Eles foram inventados para
registrarem de uma maneira mais duradoura a saga da história da
humanidade, seus percursos e percalços. Eles devem ser lidos e nada
mais do que isso. Tirá-los das estantes e se apropriar do seu
conteúdo, o quanto antes, é nosso direito e dever! Com livros nas
mãos o leitor se torna mais respeitado e admirado, seja ele
estudante, professor ou não. Seu valor não diminui com o tempo. Não
viram sucata!Não têem vida curta! Muito pelo contrário! Se tornam
mais valorizados. Não foi à toa que um deles da área de botânica
foi roubado da biblioteca do Instituto de Botânica do Estado de São
Paulo, cujo valor é incalculável.
Ao andar na rua com um livro, o
leitor não correrá o risco de se deparar com alguém que fica na
espreita para assaltar, ou roubar. Pois ele não é alvo de cobiça
pelo alheio por parte dos transeuntes, meliantes, assaltantes que
circulam pelas cidades, muito menos pode ser trocado por qualquer
substância entorpecente. Ninguém vai trocar livro por droga! Nesse
caso específico, ele não tem valor de mercado. O livro tem o meio
mais eficiente de pesquisa inventado pelo homem, o índice! Suas
páginas são numeradas em ordem crescente e facilmente podem ser
folheadas com um leve toque dos dedos, tal como os mais sofisticados
tablets.
Os tablets, por sua vez, dizem
alguns, veio substituir o livro. Creio que não é bem assim, apesar
dos fissurados pelas novas tecnologias acreditarem veementemente
nisso. De acordo com Sylvio Montenegro, “afirmar
peremptoriamente que o tablet vai substituir o livro é no mínimo
leviandade. Pois nos tablets, pode-se armazenar uma biblioteca
inteira vários e vários livros podem ser armazenados em um único
meio! Porém, mas nada será como o livro: único, soberano,
acompanhante silencioso que conta a história da saga humana sobre o
globo, desde a invenção da escrita!
Os tablets, por sua vez, têem funções que vão além daquelas que
o livro pode oferecer. É um instrumento que tem recursos muito mais
sofisticados. Disso não temos dúvida! Porém, estão num processo
de inovação tecnológica contínua e, quem não acompanhar esse
processo, parecerá bizarro se portar um desatualizado no meio da
rua, em praça pública. O tempo de vida dos tablets que vai do
processo de produção nas fábricas às lojas e das lojas até o
lixo é cada vez curto e, também, tem um agravante! Não pode ser
jogado em qualquer depósito de lixo! Pois, pode causar danos à
saude ao meio ambiente! Esse processo de atualização constante que
esse dispositivo tecnológico exige, pode levar os consumidores da
necessidade de usá-los, até ao vício compulsório. Se, por acaso,
qualquer um de nós dar de presente um tablet a alguém, saberá, em
pouco tempo, que o seu valor durará até o próximo lançamento. O
presente dado com carinho, logo, logo se destinará ao lixo. Assim,
me responda a uma só pergunta: você conhece alguém que já leu um
livro este mês, ou este ano em seu tablet?
Se os livros não vão ser
substituídos pelos tablet o que dizer, então, das cópias que
estão circulando nas sala de aula, das escolas e Universidades? Após
serem usadas elas têem um destino trágico. Ao usá-las, isto é,
lê-las, não podem ser guardadas da mesma forma que os livros e nem
é objeto de consumo como os tablets. Elas se quer enfeitam as
estantes. Muito pelo contrário! Viram um amontoado de papel que dar
nojo até em vê-los. Livramos delas o quanto antes para não
acumulá-las. Elas se assemelham aqueles bens de consumo descartáveis
que usamos para obter prazer rápido e logo em seguida os destinamos
ao depósito de lixo e com uma certa dose de prazer. O depósito de
lixo será o seu fim!
1Professor
da Universidade Estadual Vale do Acaraú - UVA
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