segunda-feira, 24 de maio de 2010

ZERO A ESQUERDA

ZERO A ESQUERDA
Josenildo Silva de Souza1

A cidade de Sobral, localizada na Zona Norte do Estado do Ceará, banhada pelo Rio Acaraú, terra de Dom José Tupinambá da Frota e “onde a luz fez a curva”, segundo os físicos modermos, bem que poderia ser considerada uma cidade bíblica uma vez que, nela, se confirmou a profecia Muitos são chamados, mas poucos escolhidos (Mateus 20:16). Dos 201 (duzentos e um) candidatos que disputavam as 80 vagas para o cargo de professor de educação infantil no Concurso Público para o Magistério da Prefeitura de Sobral apenas 17 (dezessete), repito, apenas 17 foram aprovados na primeira etapa. Isto é, 8% dos candidatos inscritos. É mole! Brincadeira! Olhem! Ainda faltam duas etapas! Esses números poderão ser ainda piores! Das 80 (oitenta) vagas disponíveis, 63 (sessenta e três) não serão preenchidas. Em breve, novo concurso pairar no ar de Sobral! No entanto, esse resultado não nos supreende pois vem se confirmando há três concursos.

O que está acontecendo com a formação desses professores? Será que as questões do concurso estavam num nível tão alto que os candidatos ficaram impossilitados de responder e atingir a média necessária para passar da primeira etapa? Exigência demais, talvez? Questões fora do contexto?

Se verificarmos o Edital nº 03/2009 no seu Anexo II, que trata do programa das provas escritas para o professor de Educação Infantil e Séries Iniciais do Ensino Fundamental, veremos que a única exigência feita ao candidato (professor) é que ele soubesse, apenas, os conteúdos que os alunos destas modalidades de ensino precisam saber nas suas respectivas séries. Isto é, o que estava sendo exigido ao professor era, apenas, o conteúdo das disciplinas que os alunos já vêem estudando nessas séries, e nada mais do que isso! Em outras palavras, os organizadores do concurso buscaram dar uma colher de chá aos candidatos. Só para citarmos duas questões: 02. O fonema é? e a 03. Grafema deve ser entendido como? Quais os argumentos que temos em mãos para explicar esse fato?

Há os que argumentam dizendo que a finalidade da formação do professor para as referidas modalidades de ensino não está voltada para levar o professor a ser aprovado num concurso, pois, esta formação é muito mais ampla! Isso soa muito abstrato, ao meu ver! Formação muito mais ampla à parte, o fato é que nem isso estamos conseguindo! Há outros que podem se contentar com o discurso da raposa argumentando que pelo menos 8% dos 201 já é uma grande coisa! Ao meu ver isso não passa de cinismo!

Uma formação não se faz apenas com professores, alunos, currículo escolar, busca frenética por titulação, condições de aprendizagem, bibliotecas, etc, etc, etc. Se faz, também, a partir de uma reflexão crítica, constante e urgente sobre o tipo de formação que estamos proporcionando nos cursos de formação de professores, nossas licenciaturas, pois, uma coisa é o que pensamos a respeito do que somos, outra coisa é o que estamos sendo de fato a partir do que estamos fazendo. Que saudades do ultrapassado Karl Marx quando afirma que “o homem não é aquilo que ele pensa que é. Mas sim, aquilo que ele realiza na prática”. O que estamos fazendo, de fato, é muito pouco, para não dizer quase nada! Quem é que vai pagar por isso? (Lobão - Revanche)

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